A camada intelectual de uma sociedade sempre foi composta por pessoas frágeis. Trata-se de uma casta sem posição definida, com grandes ambições e poucos meios para realizá-las, portanto, impregnada de ressentimentos.
As pessoas deste grupo olham o mundo e veem a vitória dos maus, que nem sempre são tão maus. Se impressionam com o poder maligno, o que significa cultuá-lo e, semeando-o, acabam caindo sobre tal domínio. Entram em dialéticas maliciosas, como a de Maquiavel e de Nietzsche, e não notam que acabam elaborando uma revolta da qual eles próprios se transformam em um instrumento do demônio. Quanto mais revoltado contra o mundo o sujeito está, mais mal ele vai fazer.
O ser humano não nasceu para corrigir o mundo. Sua esfera de ação é muito limitada. No entanto, na atualidade, muitos adquirem a ambição de criar um mundo melhor, o que exige poder, de tal modo que, aperfeiçoar o mundo, passa a ser o capítulo segundo; o primeiro é a conquista do poder.
Este pessoal com obsessão de poder corrompe até o fundo de suas almas. Aí se transformam em propagadores ainda maiores do mau. Isso não é porque o sujeito é um idealista. Essa coisa que o jovem entra na luta social por ser um idealista é uma “pataquada”. Que garoto de 14 ou 15 anos tem uma visão correta da sociedade, pobreza, etc.? Que garoto de 14 anos está mais interessado nos outros do que nele mesmo? Isso é impossível. Um garoto de 14 anos está lutando pela sua autorrealização e, se ele está revoltado contra a injustiça no mundo, é porque ele se sente injustiçado, embora na maior parte das vezes não o esteja. Então, ele projeta esse sentimento de injustiça nos outros e diz que ele está representando os pobres oprimidos. Isso é uma mentira! Eu digo isso analisando a minha própria geração e a mim mesmo.
O que eu sabia da pobreza, pela primeira vez, e me fascinei pelas ideias de esquerda? Eu não sabia coisíssima nenhuma. Eu sabia que eu estava me sentindo mal e oprimido, então odiava qualquer coisa que, aos meus olhos, representava autoridade. Então, eu estava lutando pelos meus próprios interesses, pelas minhas próprias vaidades, como todos daquela época. Veja no partido comunista: se você perguntar quem você conheceu que fosse uma pessoa piedosa, que realmente tivesse piedade pelos pobres, que tentasse ajudá-los, eu não conheci um! Nem um único! Eram todos corações secos. Então, o sujeito está lutando pela sua própria vaidade e engana a si mesmo, achando que ele é o salvador que está lutando contra o mau e, quanto mais ele pensa assim, mais ele se impregna do mau por via da vaidade.
Proferido por Olavo de Carvalho.
Adaptado por Eric M. Rabello. Revisado por Fabio Rabello.
Nota do editor:
Esta postagem é uma transcrição adaptativa e não integral do Programa True Outspeak, transmitido em 22 de novembro de 2010.
Assista ao trecho do programa True Outspeak que gerou esta postagem: